Quem é da minha geração certamente viu Fuga de Nova Iorque. No filme de John Carpenter, lançado em 1981, o canastrão Kurt Russel encarna Snake Plissken, ex-soldado, agora prisioneiro, numa perigosa missão para salvar o presidente dos Estados Unidos de dentro da maior penitenciária de todas – a ilha de Manhattan.
Foi bebendo dessa fonte, e de filmes com o futuro americano bastante apocalíptico, que o autor Brian Wood (dos bons independentes Channel Zero Jennie One, Couriers, Couscous Express e Demo) lançou pela Vertigo, com arte do italiano Riccardo Burchielli a excelente série DMZ. A história fala da sobrevivência do jornalista Matty Roth na manhattan de um futuro próximo, onde uma guerra civil eclode do centro dos EUA para suas costas no pacífico e atlântico – parando exatamente na cidade mais populosa de Nova Iorque. A trama é muito bem resolvida, com personagens interessantes, e mostra como o amor pelo local onde você mora, ou simplesmente a falta de opção de mudar para um lugar melhor, podem ser decisivos na sua vida.
O primeiro TP, com os números 1 a 5, nos introduzia a este mundo em guerra, com os Estados Unidos lutando em 4 paises diferentes, com o levante dos “Estados Livres da America”, e nos apresenta a uma manhattan caótica e suja, com rebeldes lutando entre sí e as tropas americanas não ajudando a população, mas somando a destruição e bagunça. Uma das coisas mais interessantes no primeiro arco é quando Matty encontra o zoológico do Central Park, e os guardas do parque. Muito bom! Para ficar melhor, a Vertigo disponibiliza, neste link, o download do primeiro número.
Recentemente foi lançada a segunda coletânea, com os números 6 a 12 da série. Neste arco entramos mais a fundo na trama, com Brian Wood explicando os motivos do levante, e como a mídia é capaz de manipular opiniões e vencer (ou iniciar) guerras. Matty consegue uma exclusiva com o lider das forças armadas dos Estados Livres, mas o resultado acaba sendo bem diferente do esperado.
A série é muito bem escrita, desenhada, e passa todo o caos e desordem que deve imperar em uma situação dessas. Vejo muitas similaridades entre o que estou lendo com a cidade onde moro, o Rio de Janeiro. Somos bairristas, vivemos em um estado de guerra civil, e a violência bate a nossa porta a toda hora. Isso faz com que DMZ seja leitura obrigatória para todo carioca – as situações são tão plausíveis que fico me perguntando se Brian Wood não escreve DMZ da cidade maravilhosa...
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